Presidente da ABC participa de reunião de grupo da Sociedade Civil do G20
A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader, participou em 26 de junho do evento “Sociedade Civil e a agenda do G20 para uma Transição Justa”, organizado pela G20 Social, grupo de engajamento da sociedade civil no bloco.
Presidente da ABC participa de reunião de grupo da Sociedade Civil do G20
Como parte da presidência rotativa do Brasil, a ABC está liderando as discussões no Science20 (S20), braço científico do G20. O grupo está realizando reuniões periódicas desde o início do ano para elaborar recomendações para a Cúpula do G20, em novembro. O encontro final, que divulgará o comunicado oficial do S20, será nos dias 1 e 2 de julho, no Rio de Janeiro.
Em sua participação na reunião de hoje, Helena destacou que o lema do S20 deste ano é “Ciência para a transformação global”. Com esse norte, o grupo se concentrou em cinco temáticas principais que dialogam com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (17 ODS), metas definidas pela ONU em 2015 a serem alcançadas até 2030. São elas: Inteligência Artificial, Bioeconomia, Transição Energética, Saúde e Justiça Social.
“Destaco que a Justiça Social perpassa todos os outros temas e também os 17 ODS. Estamos nos aproximando muito rápido de 2030 e ainda temos um longo caminho a percorrer. No S20, nós acreditamos fortemente na ideia de que ninguém deverá ser deixado para trás”, frisou Helena Nader.
Na área de Inteligência Artificial, o S20 avalia que deva existir algum tipo de governança global sobre a tecnologia que garanta transferência de conhecimento e uso responsável para beneficiar todos os países. “Precisamos falar mais sobre os riscos relacionados a IA, como o aumento de desigualdades, questões de privacidade dos dados e, sobretudo, consumo energético. Vejo muito pouca preocupação sobre a quantidade de energia que a IA consome”, avaliou.
Na Bioeconomia, o grupo frisa que é preciso investir em educação e pesquisa para gerar práticas sustentáveis que tragam desenvolvimento econômico e proteção ambiental. O mais importante é que esse modelo econômico seja inclusivo, por isso, é preciso trazer junto as populações locais. “Muito se fala sobre a Amazônia, precisamos levar em consideração quem lá vive. Sobre bioeconomia, são duas perguntas: como e para quem?”.
Sobre a Transição Energética, Helena Nader afirmou que o Brasil está na frente e deve defender energias renováveis no S20. “Precisamos aumentar a captura de carbono e promover um acesso equitativo à energia, engajando comunidades locais nesse processo para um futuro energético sustentável”.
Já na Saúde, o foco deve ser no acesso equitativo aos sistemas de saúde, buscando uma cobertura universal. Nader destacou o advento da saúde digital e o problema crescente na saúde mental, sobretudo entre populações vulneráveis e segmentos mais jovens e mais velhos da população. Outro ponto importante são questões climáticas com influência na saúde, um problema que deve crescer nos próximos anos.
Por fim, Nader destacou que as maiores economias globais cumprem papel central na busca por um mundo mais igual e sustentável. Ela reforçou um ponto que sempre aborda sobre a questão demográfica, destacando que a maior parte dessas economias está envelhecida ou envelhecendo muito rapidamente, exceção feita à Índia. “Os países do G20 devem se adaptar às mudanças na força de trabalho para manter sistemas de segurança social junto com o desenvolvimento econômico. Compreender as tendências demográficas é crucial para planejamento político e para guiar o investimento em ciência”, concluiu.
(Marcos Torres para ABC, 26/6/2024)